quarta-feira, 21 de março de 2012

YOGA


Sempre gostei de movimento. Festas, música, muita gente ao meu redor, amigos, família... E sempre que me via sozinha, me sentia perdida, ansiosa, sentindo falta de "um não sei o que" que me tornava inquieta e irritada. Muitas vezes aguardei por minhas aulas de ballet num corredor do departamento cultural do Club, onde as crianças acabavam fazendo muito barulho até a hora da aula começar, e da sala de Yoga saía  professora Maria Celeste para nos pedir silêncio. Confesso que achava super estranho como as pessoas saíam daquela sala de luz azul com cara de sono... Pensava que a Yoga pudesse ser uma espécie de ritual religioso ou coisa parecida. Sentia até um certo medo daquelas pessoas... E muitas vezes, na minha adolescência, no meus momentos de ansiedade e irritação, ouvi minha mãe dizer: "Você deveria fazer Yoga!" Aquilo me soava como bronca e acabou me afastando por muito tempo de uma das coisas de que mais gosto hoje.
Aos 27 anos, resolvi entrar na tal sala estranha e encarar uma aula para ver do que se tratava. Nunca mais parei! A Yoga me ensinou a respeitar o meu próprio corpo e suas limitações. Me ensinou também que a ansiedade não serve para nada e me prejudica física e mentalmente. Me ensinou a acalmar minha mente com a respiração, a obedecer simplesmente, sem resistências, sem questionar e a persistir. Aprendi, finalmente, a gostar de estar sozinha!
A Yoga não é uma religião, nem um ritual, nem mesmo um esporte, visto que não existe a competição e nem se estabelecem metas a cumprir. É apenas uma prática. Uma prática que nos leva a um autoconhecimento.
Minha mestre Maria Celeste começou a praticar Yoga aos 29 anos e foi uma das primeiras professoras do Brasil. Quase todo mundo que pratica Yoga em São Paulo passou por uma de suas aulas. Em  dezembro de 2008, ela foi entrevistada pela revista TPM. Tenho comigo essa edição. Às vezes, me pego chateada com a vida e dou uma lida novamente na matéria da revista.

 Sua vida foi bastante difícil (divórcio, morte de filhos, etc...) mas, a maneira como ela encara os fatos a fez sofrer bem pouco. http://revistatpm.uol.com.br/revista/83/perfil/divina-celeste.html. A Yoga nos ensina a aceitar os fatos. A entender que nada é perene. Tudo está em constante modificação. As coisas não são boas ou más. Apenas são. É mais fácil aceitar que resistir à realidade. Resistir causa sofrimento. 
Conviver e aprender com a Celeste, tem sido uma experiência divina e um crescimento enorme. Aos 86 anos, ela continua a trabalhar todos os dias ensinando o que sabe. E diz não gostar das férias.
Vejo que as pessoas que servem a um propósito e que se sentem úteis, são mais saudáveis e felizes, como ela.
Tenho uma grande identificação com minha mestre.
Ela é linda, leonina e um grande exemplo que pretendo seguir.
Não sei se viverei tanto tempo quanto ela mas, com certeza vou me esforçar para viver com qualidade até o final dos meus dias e ela será sempre minha referência.
"A luz de deus me ilumina.
A presença de deus me guarda.
O amor de deus me envolve.
O poder de deus me protege.
Onde quer que eu esteja, ali deus está"

Com essas palavras, ela termina nosso relaxamento no final de cada aula.

Me sinto completa e satisfeita comigo sabendo que sou uma parte de um todo chamado universo. Ele faz parte do meu ser e eu sou uma parte dele. É essa a sensação causada por uma prática de uma hora de Yoga.

Namastê! O deus em mim saúda o deus em ti.

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